Epifania

Crianças sempre nos surpreendem. E o melhor é que na maioria das vezes para o bem. Segunda-feira passada estava super preocupada com o Luiz. Depois de uma batalha para fazer o extenso e absurdo dever que a escola manda todos os dias ele começou a chorar copiosamente. Entrou no armário do quarto e até soluçava por causa da dificuldade para escrever e, principalmente, ler que vem enfrentando desde o ano passado. Morri de tristeza de ver meu rapazinho daquele jeito.
Conversamos bastante sobre a importância e a delícia que é saber ler e fizemos um trato de irmos devagar, mas sem desanimar, desistir e desesperar. Seguindo sempre o conselho do papai Emerson de que a expressão "nunca vou conseguir" não pode nunca fazer parte do nosso vocabulário.
No dia seguinte mandei um e-mail para a escola relatando o sofrimento dele e pedindo mais comprensão e menos pressão(cada dia gosto menos dessa escola). Uma das reclamações dele enfrentar o constrangimento de ter ler na frente dos colegas. Depois disso parece que deu um clic nele.
De repente, de uma semana para a outa, passou a ler e a escrever bem melhor. Hoje leu com o Emerson um livrinho inteirinho - Caracol (deixando o papai feliz e até emocionado)- e ontem acertou todas as dez palavras do ditado que a professora faz toda a semana. No do dia 19 tinha errado todas.
Acho que o desabafo ajudou muito. Ou então pintou o tal clic que os pedagogos falam que acontece com todos os meninos em período de alfabetização, que nada mais é que passar subitamente a compreender alguma coisa, até então difícil ou que não era vista. Ou então foi tudo junto, sei lá. O fato é que todos comemoramos muito, afinal nosso rapazinho é um guerreiro desde que nasceu, bem miudinho e antes da hora. E a cada dia fica mais esperto, carinhoso, fortinho (não pega "nehuma" gripinha), comelôncio (quem diria), curioso, alegre e gatinho.
PS: E quando ficar grande e quiser saber o que significa a palavra que dá nome a esse post terá de procurar um dicionário ou então ler um dos contos mais bonitos da Clarice Lispector - "Amor".